- Área: 143 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Vinicius Assencio
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Fabricantes: Atak Serralheria, Botuloc, Cerâmica Strufaldi, Lajes Prado, Marcenaria Jeremias, Oficina 7 Netos, joão de barro
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Aldeia foi concebida como tentativa de convergir demandas, por vezes antagônicas, de duas pessoas em uma casa só. O casal trouxe para o processo de projeto inquietações e expectativas a respeito de sua mudança não apenas de residência, mas de modo de viver. A difícil escolha do casal de deixar para trás sua vivência urbana em troca do cotidiano rural foi fundamental para a definição do partido arquitetônico que buscou se afastar do arquétipo da casa de campo para trazer pequenas doses de urbanidade ao dia-a-dia na casa. Para isso, apoiou-se nas memórias afetivas de seus habitantes, um português e uma brasileira que viveram por anos em Portugal e lá possuem raízes. Recorreu à referência das aldeias históricas portuguesas que mesmo em contexto fortemente rural estabelecem relações de proximidade urbana entre seus edifícios, integrando-se à paisagem e ajustando desníveis do terreno. Desta forma, a Casa Aldeia cria pequenos espaços de características variadas na escala humana ao mesmo tempo em que pontua a paisagem como intervenção construída e com diversidade em sua unidade formal.
Na edificação de dimensões e orçamento modesto, a permeabilidade visual e de circulação é determinante para os espaços, mas ao invés de abrir-se totalmente para a bela paisagem da cuesta de Botucatu, portas e janelas foram dimensionadas e posicionadas de modo a permitir, de um lado, a entrada de luz controlada e, de outro, a descoberta pontual e cotidiana do espaço exterior por requadros da paisagem que instigam a usufruir também os espaços externos como o pátio central, o jardim seco de pedriscos e o deck de madeira.
Pedimos ao querido casal que hoje habita a Casa Aldeia que escrevesse sobre sua experiência cheia de descobertas: do projeto à obra e, finalmente, à vida cotidiana. O texto segue abaixo:
‘Começou assim: “O que a gente quer? Queremos vista, queremos ar, queremos quintal, queremos lugar pra cachorro e pra ler jornal no sol”.
Arquitetamos durante uns meses... Um casal é feito de dois indivíduos. Cada um sonhava uma casa. Os sonhos inevitavelmente conflitaram. Mas, aos poucos, encontramos cômodos comuns. A nossa casa ganhou um nome, Casa Aldeia. Nome dado pelos arquitetos da AUÁ que logo adotamos porque era isso mesmo que a gente queria!
A construção: “tijolo com tijolo num desenho mágico”, “ergueram casa, onde antes só havia chão”. O tempo se desdobrava e a casa crescia, literalmente, fisicamente, concretamente. Foi um processo delicado, trabalhoso, denso e muito gratificante.
Mas, depois de uns bons meses, só queremos acabar... E daí o tempo se estendeeeee... Chove, atrasa o dia, atrasa entrega, atrasa a vida... E aprendemos a esperar, acalmar as expectativas, a adiar o plano que escapou do nosso controle, e tudo bem... “tijolo com tijolo num desenho mágico”, “ergueram casa, onde antes só havia chão”.
E, finalmente, chegou o tempo de habitar, ocupar, dormir na nossa Aldeia! É interessante também... Está tudo pronto, morável e demora umas semanas pra gente assimilar o novo espaço e o novo espaço assimilar a gente. E é tão boa essa vivência, essas descobertas. Uma luz que bate ali, naquela hora, que a gente não conhecia.
Nossa Casa É Nossa Aldeia, com luz, com natureza, com sonho comum. Agradecemos a turma da AUÁ e a turma da obra que nos ajudaram a ter a “nossa casa no campo / no tamanho ideal / onde plantamos nossos amigos / nossos discos e livros / e nada mais!’